Não ! Não era a luz do por do sol. Era o fogo queimando a serra.
O pássaro que tentou voar,não era fênix ressurgindo das cinzas. Era um gavião com as asas em chama.
Eu atônita, perplexa e paralisada. A Terra gemendo de dor e as labaredas avançando como um exército desorientado. Contive os gritos, e na minha impotência muda, pude escutar a arvores pedindo socorro.
Como pode acontecer ? Aonde começou ? Em que momento ?
Observo o verde se tornando cinza e depois preto como carvão. Compreendi no meio da tragédia , o significado real das palavras “natureza morta “ Ajoelhei em prece e súplica, não para pedir chuva,mas para pedir perdão aos milhões de elementais que desfaleciam sem vida, engolidos pela fúria avassaladora das impiedosas salamandras ígneas.
Maria da Penha Boselli* / Maat* 2017