Queria que Deus calasse minha boca, para que meu coração pudesse falar
que tampasse meus ouvidos, para que minha alma pudesse escutar
Queria enxergar com os olhos, que veem além do véu
não com os olhos comuns, que não enxergam as coisas do céu
Vou calar os sentidos do corpo que embaçam a conexão
libertando minha alma atada, o terceiro olho e o coração
Maat* 2017
RETROSPECTIVA
Pensando nas vidas que tive.Aquelas que começo a lembrar. Fui donzela,fui fidalga,fui rameira. Fui escrava,fruta doce do pomar.
Fui amiga de sinhá cheia de sonhos,que virou freira só pra não poder casar.
Dancei muito no terreiro e na fogueira,fiz amor a noite inteira sem parar.
Assei peixe na folha de bananeira e fiz doce lá no tacho do quintal :
goiabada ,marmelada e ambrosia,para fidalgos que vinham no sarau.
Sobremesas e docinhos fiz de monte : cocada mole e bolo branco com cajá
guloseimas confeitadas com amor,para deleite do senhor e da sinhá.
Amamentei os bacuris lá da fazenda,dos cabritinhos da patroa fui babá. Muita gente anos depois me procurava,pra benzer,curar inveja e mau olhar.
Hoje sou mulher sozinha e letrada. Sem patrão,marido besta e coroné. Nessa vida trouxe dons já conhecidos : benzer doente e ler borra de café.
Maria da Penha Boselli*/ Maat* 2017
JÁ PASSA DA DE MEIA NOITE
E ESTOU SOZINHA NO QUARTO
RECHEANDO O TRAVESSEIRO
COM SONHOS QUE ESTÃO EM AGUARDO
NA LUZ DO ABATJOUR BEM SUAVE
MEDITO NA VIDA E O PASSADO
OS MEDOS QUE SUPEREI
MEU PROGRESSO E MEU KARMA CURADO
COMO É BOM O SILENCIO DA NOITE
MESMO QUANDO ESTOU CANSADA
A PAZ DAS TAREFAS CUMPRIDAS
ME DEIXA DORMIR SOSSEGADA
🪔 Maria da Penha Boselli*/ Maat* 2017