BIOGRAFIA

RETROSPECTIVA
 

Pensando nas vidas que tive.Aquelas que começo a lembrar. Fui donzela,fui fidalga,fui rameira. Fui escrava,fruta doce do pomar.

Fui amiga de sinhá cheia de sonhos,que virou freira só pra não poder casar.
Dancei muito no terreiro e na fogueira,fiz amor a noite inteira sem parar.

Assei peixe na folha de bananeira e fiz doce lá no tacho do quintal : 
goiabada,marmelada e ambrosia,para fidalgos que vinham no sarau

Sobremesas e docinhos fiz de monte : cocada mole e bolo branco com cajá
Guloseimas confeitadas com amor,para deleite do senhor e da sinhá.

Amamentei os bacuris lá da fazenda,dos cabritinhos da patroa fui babá. Muita gente anos depois me procurava,pra benzer,curar inveja e mau olhar.

Hoje sou mulher sozinha e letrada. Sem patrão,marido besta e coroné. Nessa vida trouxe dons já conhecidos : benzer doente e ler borra de café.

                     


                                                                        Maat* 2017


EU E A NOITE

MAIS DE MEIA NOITE
EU EM PAZ SÓZINHA NO QUARTO
RECHEANDO O TRAVESSEIRO
COM SONHOS QUE ESTÃO EM AGUARDO


     

NA LUZ DO ABATJOUR BEM SUAVE
     MEDITO NA VIDA E O PASSADO
     OS MEDOS QUE SUPEREI
     MEU PROGRESSO E MEU EGO CURADO

          COMO É BOM O SILENCIO DA NOITE
          MESMO QUANDO ESTAMOS CANSADOS
          A PAZ DA MISSÃO CUMPRIDA
          NOS DEIXA DORMIR SOSSEGADOS



                                                                         Maat* 2017

OPÇÃO

Melhor versejar a esperança
do que a batalha perdida
Melhor exaltar o herói
do que a donzela iludida

     Escolhi poetizar a colheita
     que separa o joio do trigo
     ignorei as ervas daninhas
     que se multiplicam como inimigos

          Optei escrever sobre o bom
          e nunca falar sobre o mau
          exaltar a esperança e a fé
          e não versejar sobre o caos






                                                                        Maat* 2017